Como Os Nossos Filhos nos analizam

03-08-2012 15:45

Os Bravios

 
Chamo-me Couto. Com muito orgulho herdei o nome do meu Pai.
Cresci a ouvir histórias. Cresci a ouvir História, a aprendê-La pelas histórias do meu Pai.
Quando nasci já ele tinha vindo do Ultramar há muitos anos. Não me lembro de quando me segurou nos braços pela primeira vez. Mas acredito que nesse momento prometeu dar-me todo o Amor que tinha dentro de si.
O meu pai era um soldado. É um soldado. E da sua parte sempre recebi o que de melhor se pode encontrar numa pessoa. Dedicação. Educação. Disciplina. Amizade. E Amor. Muitas vezes me zanguei com ele por acreditar que me protegia demais. Mas hoje compreendo que, de todas as vezes que reclamei, nem por uma tive razão.
Há alguns anos atrás assisti, à distância, à reunião do meu Pai com os seus camaradas da Guerra do Ultramar. Pensavam que tinha morrido. Nesse momento, e ao ver as suas reacções, percebi. Há laços tão fortes que nem o Tempo é capaz de dissolver. Tudo o que o meu Pai é hoje, com os seus imensos defeitos e maiores virtudes, deve-o, em grande parte, à Amizade que encontrou nos seus companheiros de batalha, à Coragem que encontrou dentro de si para lutar pelo seu País e pelo homem que estava ao seu lado. E tudo o que eu sou, hoje, com os meus poucos anos de vida, admito que o devo à Educação que dos meus pais recebi. Quando reclamava por achar que já sabia tudo da vida e dizia que sabia tomar conta de mim, e fechava-me no quarto zangada, sempre recebi o consolo da minha Mãe que me dizia (e ainda diz...): "Filha, não fiques assim. É o teu Pai. Sabes como ele é. E acredita que faz tudo pelo teu bem.". Hoje sei disso. Sei que me ensinou, silenciosamente, a lutar sempre por ser melhor do que sou. Agora percebo o porquê de, quando chegava a casa com boas notas, nunca receber elogios. Ficava triste, pensava que não me tinha saído bem e que o meu Pai nunca ia ficar satisfeito. Mas estava. E muito. Optava por me dizer: " Não fizeste mais que o teu dever". E sim, era o meu dever. Sei-o porque, nas alturas menos boas, sempre estendeu a mão amiga de Pai e assegurou-me que para a próxima seria melhor.
É um bom Pai. É um bom Homem. E a Guerra, com todas as suas motivações, tenham sido elas certas ou erradas, formou o Homem que o meu Pai hoje é. Por isso decidi, em Homenagem, não só ao meu Pai, mas aos Homens que com ele combateram e que, para si e entre si, desenvolveram os melhores e mais louváveis princípios de Vontade, Coragem, Força, Determinação e, acima de tudo, Companheirismo, União e Amizade, criar esta página para Eles. Aos Bravios, aos nomes com os quais cresci. Que as vossas histórias nunca sejam esquecidas.